Só o resto das pipocas...

      Às vezes, as palavras cessam e os atos também. Às vezes, só o pensamento é capaz de voar e imaginar o quão perfeito seria, se fosse possível. E sem querer me surpreendo, estou de olhos fechados tentando adivinhar o que você está fazendo neste momento.
     Você me modifica tanto que, quando eu escrevo sobre você, meus dedos tocam o teclado com tanta calma que me faz ter medo. Medo de voltar a ser tão vazia como na época em que eu te conheci, tão vazia como uma folha de papel em branco. Como nós dois evoluímos juntos, só que separados. Me entende?
      Eu me sinto tão diferente de antes, me sinto tão diferente das outras pessoas que sofrem por um amor não correspondido. Me sinto tão forte e pelo visto não sou muito humilde por assumir isso tudo. Mas eu sei como estou e tenho que soprar isso ao vento. E sem querer me surpreendo, estou de olhos fechados tentando adivinhar o que você está fazendo neste momento.
      Sonhei com você hoje, acordei lembrando de tudo, o sonho foi sem sentido, mas nós entrelaçá-vamos os braços, bem na hora eu acordei e isso já significou tudo. E agora uma música clássica insiste em tocar na minha cabeça. Música clássica? Eu nunca gostei desse tipo de música e... o que você fez comigo!?
      Você merece ouvir de mim um muito obrigada e um vá a merda. Você riria de mim sem dúvida alguma, pois como uma pessoa pode ser como eu? Mas mesmo te odiando eu continuo te amando. E não liga para a minha pose de orgulhosa quando estou ao seu lado, é que eu tenho disfarçar o meu amor com orgulho, mas é só pose. Eu não resisto à você, sempre solto um sorriso e acredite, você é dono dos meus sorrisos mais sinceros. Em um resumo mais rápido, você é dono de mim.
       Eu vi um homem com o filho nos braços, e imaginei você, daqui à alguns anos, daquela mesma forma. E eu estarei sempre às margens, na platéia e enquanto você acerta e erra, eu estarei sorrindo e chorando com a dramédia que é a sua vida. Comendo só o resto das pipocas que você deixou.