26 de fev. de 2014

Passos

Folha seca sob o sol
Olhos apertados
Alma dolorida

Sorrisos se perderam
E aquela casa vazia
(Embora esteja cheia de gente)
Merece um poema

Canto, por enquanto
Depois
A garganta inflama
A vida se derrama
O caminho continua

Meus pés ardem
As costas doem
A cabeça lateja
Os olhos umedecem

Minha alma partida
Minha doce alma
Perdoa a falta de rumo.

24 de fev. de 2014

Rimas sobre a realidade

A alma cresce
enquanto o vento corre.

A roupa veste
enquanto a alma escorre.

A roupa esquece
enquanto o corpo dorme.

A alma adormece
enquanto o corpo sofre.

A mente enlouquece
enquanto a sanidade morre.

A rotina permanece
enquanto a cidade dorme.

21 de fev. de 2014

Óculos

Pelas lentes verdes
Enxergava o mundo
E ria, fingia
Pelas lentes me perdia
Pequeno mundo confuso
De chuvas e cansaços
De poemas abstratos
De pequenas partes do colapso.

20 de fev. de 2014

O pranto do âmago

Foram duas lágrimas pesadas. Nem me deram tempo de piscar os olhos. Caíram feito peso que não consegue aguentar, feito nó na garganta que não desata. Ao escrever sobre duas lágrimas que já se foram, sinto outra vez o peso gelado de tê-las escorrendo. Lágrimas que não pude conter. Seis palavras. Palavras que me partiram a alma e me fizeram perceber o frio do meu quarto. A ausência do pranto, dos olhos inchados e da dor de cabeça. Duas lágrimas, apenas. Mais sinceras que um uivo de dor, ou uma ferida em putrefação. Discretas, mas deixaram um rastro úmido no meu rosto seco.

14 de fev. de 2014

Esquina do eu

O calor pesa nos meus ombros
Cantarolo por falta de palavras minhas
Caminho por falta de outro destino
Não preciso de rimas

Talvez eu fantasie parte desse peso
E isso tudo seja uma leveza disfarçada
Ou uma eterna falta de nexo
Não preciso dessa sina

Pontos de luz
Tantos reflexos partem do mesmo ponto
Fragmentos do eu
Pontos distantes, desfocados
Não preciso de rotina

Medo de fitar meus olhos
Desabar no segundo que eu me enxergar
Fecho-os, suspiro
Permaneço no caos
Não tem fim
Eu permaneço.

10 de fev. de 2014

Granada

Tenho quinze minutos e um amanhã pela frente. Quinze minutos e piso no primeiro degrau do sono. Catorze minutos para fechar tudo e ir dormir. Perdi as contas dos minutos. Talvez o tempo não seja tão importante assim. 

9 de fev. de 2014

Golpe

Viver dói.
Eu sou dor.
Silêncio.
Fuga.
Indiferença.
Medo.
Silêncio.
Insuficiência.

Acreditei que viver não doía
Por puro capricho.
Vivo
Por pura teimosia.

6 de fev. de 2014

(Reticências)


Reparar o que existe nos abraços, talvez.
Veja aí o bem que você me fez.
Nesse mundo cheio de falsas leis.

Não importa em que mês você chegou na minha vida - embora eu saiba algumas datas de cor - você chegou enquanto eu duvidava das minhas certezas. Eu até que estava bem com as minhas dívidas e dúvidas, riscando itens de listas invisíveis, seguindo com tudo do mesmo jeito. Coração vazio, oficina do diabo.

Eu queria uma liberdade inexplicável.
Não se resumia em andar sozinha nas ruas.
Não se resumia em andar por aí.
Não se resumia em nada.
E eu não sabia pra onde ir.

Eu permaneci, segui com o meu coração vazio,
vadio
baldio.

Quis morar nos teus olhos.
Rebrilhar nos teus caminhos.

E não quis me declarar.
Vivi em silêncio.
Até o silêncio acabar.