29 de jun. de 2013

Dias atuais

(eu no meu momento "book fotográfico")

Trovões. Teorias infinitas. O encontro dos mundos, dos mares, das almas. O desencontro do próprio destino. Trovões. A busca incessante de alguma justificativa. O preconceito contra coisas tão simples da humanidade. A discórdia, o desprezo, a falta. A insegurança dos jovens e a insegurança dos adultos. A insatisfação. Por onde andam os sentimentos positivos hoje em dia? Os sonhos não realizados. Por onde a anda a coragem nos dias de hoje? Coisas superficiais saindo da boca de pessoas superficiais. A falta de continuação.

27 de jun. de 2013

Estranhas complexidades


E no meio dessas milhares de multidões, minha alma se contorce e se indaga: "O que lhe falta para que você seja quem realmente é?" Sobra a poeira que cintila na pouca luz que entra pela janela. Sobra tudo que está atrás de mim, essa bagunça sentimental. E uma alma que se revira como um feto sufocado pelo próprio cordão umbilical, como uma louca sufocada pela própria loucura. E esses meus olhos que nunca encontram outros. Sempre olhando, permanecendo nos bastidores dessa vida.

Talvez seja só aquele giro que dei em câmera lenta. As coisas mais simples transformando outras simplicidades em grandes complexidades. Está tudo parado agora. E eu, pela milionésima vez, me sinto fora do ar. Com esses acordes de violão, tudo parece fazer sentido. É estranho, na mesma medida que é normal.

22 de jun. de 2013

Uníssono


Talvez os caminhos estejam errados. O medo enche nossos corações de desespero. Estranho querer algo que não nos faz bem, estranho desejar algo que nos deixa fora do ar. Alguns dizem: "Estamos em guerra." Outros respondem: "Estamos em progresso." Tudo isso deixaria minha mente confusa, caso eu fosse uma criança. Quisera eu ser criança agora e não ter medo. Quisera eu ter a inocência, ver beleza em um helicóptero de guerra. Estranhos são os meus desejos. Estranhas são as minhas decisões. Queria fechar a porta e trancar-me no meu pequeno mundo. Mas eu não tenho mundo algum, nem deixo que o meu não-mundo seja pequeno. Parece que carrego todos em meus braços. Não entendo bem os meus sorrisos discretos, nem minha leveza de poucos minutos. A estranha paz interior preocupada com as próximas decisões e com o nosso novo rumo. As vozes da minha mente falam em uníssono: "Tudo ficará bem." Eu insisto em duvidar.

17 de jun. de 2013

Agora eu posso acreditar no futuro!


Meus pais não aprovariam, se eu dissesse que queria manifestar com milhares de pessoas nas ruas. Meus pais não aprovariam, se eu dissesse que eu admiro os manifestantes. Ficariam horrorizados, principalmente meu pai. Como eu poderia querer brigar por vinte centavos? Eu fico aqui com o meu protesto silencioso, explicando aos amigos o que a televisão não mostra. Antigamente, eu não acreditava muito no futuro deste país. Mas agora eu vejo que o povo está acordando. "A geração Coca-Cola acordou." E eu faço parte de tudo isso, mesmo que indiretamente. Chega de acomodação, chega de repressão, chega de manipulação. CHEGA. Verdade seja dita! Finalmente, o Brasil está em progresso. 

6 de jun. de 2013

#30days: 5 - Inspire-se na sua música favorita


Depois de tantas batalhas e sangue derramado. Depois de ser cigano e morar no inferno. Sempre fomos obrigados a fazer o que não queríamos, agora, eu só queria saber os motivos de nunca termos reagido. Fracos soldados em busca de razões. Fracos soldados sem nada, sem família. Soldados sem passado, apenas com o momento de agora. Soldados apaixonados em um campo de batalha. Apaixonados pelas gotas de sangue, pelos erros um do outro. Apaixonados pelos tiros errados propositalmente, pelos inimigos existentes. E ao final dessa guerra, o único inimigo é o medo. Medo que julga ser diferente um amor tão normal.

4 de jun. de 2013

#30days: 4 - Apenas diálogos

- Você já parou para pensar no som das teclas do piano? Não falo da melodia, mas do som de cada uma delas, em particular. É estranho, eu sei. É um costume que eu tenho de observar os mínimos detalhes.

- Não, nunca parei... Mas você pensa muito bem! Já pensou em trabalhar pensando? É, a pergunta ficou estranha.

- Pensei, sim. E acho que colocaram algo no teu refrigerante. "Pensar em trabalhar pensando!" Isso é demais para o meu cérebro. (Risos.)

- Sei lá, é que eu nunca sei o que falar. A Filosofia é sua, não minha.

- Lembra de A insustentável leveza do ser? Às vezes eu me sinto como aquela moça, a fotógrafa... Esqueci o nome dela.

- A Tereza?

- Sim! Ela mesma. Mas acho que me pareço mesmo com o Tomas, quando ele fica na janela olhando os prédios. Eu faço isso... Me vejo tão vazia, tão sem saber o que fazer. Eu sempre acho que não estou fazendo o bastante, que só amo o que está distante. Há algum erro aqui dentro, sabe? Desde que eu era um pingo de gente. Eu sempre acredito que para cada início há um fim. E ao mesmo tempo acredito na eternidade, sinceridade, essas coisas...

- Qualquer um ficaria com medo de você. Por causa do seu olhar aguçado, da sua percepção de todos os detalhes. Você ainda não entendeu que as pessoas temem tudo aquilo que é desconhecido?

3 de jun. de 2013

#30days: 3 - Um gênero que você nunca tenha escrito antes


Nunca precisei beber seu sangue para saber o quão amargo você é. E todas aquelas poças vermelhas de sangue coagulado só me lembravam sua frieza, indiferença. Enquanto eu cortava sua pele bronzeada com uma faca de dentes afiados, você me olhava desesperado. Arranhões que não cicatrizaram e o medo nos seus olhos. Uma psicopata, fria e calculista. Foi nisso que me transformei. Nem é difícil entender meus motivos. Eu juro que não queria ser uma assassina em série, que bebe o sangue de suas vítimas. Mas você me fez mudar tanto, tanto... Que precisou ter o próprio sangue retirado aos poucos, enquanto eu matava minha sede com o sopro de sua vida.

P.S.: Umas poucas palavras com um toque de psicopatia, primeira vez que escrevo sobre.

2 de jun. de 2013

#30days: 2 - Escreva sobre algo histórico


Meu pai me mandou ir salvar a sociedade dos erros e dos corruptos. Hoje, sem experiência, eu entro em confronto com jovens que clamam por seus direitos, pelos direitos de todos os outros. Eu, com meu escudo, minha arma e minha roupa arrumadinha; eles, com o suor desabrochando por todos os poros, gritando, arriscando as próprias vidas. Eu também estava arriscando minha vida, por culpa de meu pai. Nos mandavam atirar, prender quem aparentasse ser um líder. E eu, um simples soldado, assistindo todas aquelas torturas imundas. Os gritos e tosses de dor. Quis me rebelar e gritar na cara de meu pai. Eu não havia nascido com aquele sangue imundo.

Em mais um confronto, chamaram a polícia. Maldita polícia, eu era um maldito soldado. Tantas vezes eu quis ser um soldado inexistente, queria fugir. Todos os olhos que eu era obrigado a fitar, tudo em nome de um futuro melhor. Mas eu não enxergava nada de melhor na visão de futuro daqueles policiais.

Sangue. Gritos. Revolta. Mães sem seus filhos. Lágrimas.

E eu queria estar do lado de lá, pichando muros e lutando pelos meus ideais. Até que um dia eu decidi dizer não. E não torturei aquele rapaz de olhos castanhos, não esmurrei seu estômago. Foi quase amor, não sei explicar. Aquele rapaz parecia meu reflexo. Um herói derrotado. Eu olhei e sorri. Ele entendeu. Eu disse ao Major que não torturaria aquele rapaz, que não carregaria nas minhas mãos um sangue inocente.

E junto com ele fui preso e torturado. Quando conseguíamos falar, falávamos de nossas infâncias tão diferentes. Nós dois brincávamos de policiais. Em nossos poucos minutos de paz, nos beijávamos. E morremos juntos, aspirando aquela negra fumaça tóxica.


P.S.: O assunto histórico é a Ditadura Militar.

1 de jun. de 2013

#30days: 1 - Descreva um lugar


Boa parte do mundo está ali dentro, outra parte do mundo está aqui, ao alcance de minhas mãos. Quente e com um toque de frieza. Metade do meu tudo está organizado, a outra metade vagueia por aí. O passado é rodeado de futuro por aqui. Vozes também moram aqui, algumas cantam e conversam, outras gritam. E há uma voz que eu tanto amo. As barreiras que me aprisionam, na realidade, não me prendem. Papeis jogados e um livro destruído. O meu diário agoniza, sufocado por uma pequena pilha de livros. Através de cadernos velhos e brinquedos esquecidos: aqui reside parte da minha infância. Ali está o travesseiro encharcado de lágrimas que nunca chorei. As portas trancam o pouco que tenho. A solidão me inunda nesse pequeno retângulo. Isso tudo me faz bem.

P.S.: Gente, estou participando do projeto 30 dias de escrita. E durante cada dia do mês postarei um texto sobre o assunto pedido. Será que eu consigo? Ah, o lugar que eu descrevi foi o meu quarto.