30 de jan. de 2013

Trinta de janeiro

Entre o peso de algo novo
E a leveza de algo desgastado
Encontramos nossas almas perdidas
Tínhamos o medo de errar
Errar de novo
Antecipar o atestado 
Ocasionar outras brigas
Estilhaçar outros vidros
Apunhalar com o mesmo golpe
Perder o contato da mesma mão
Esquecer depois de tudo 
Esquecer depois de nada
Somente apagar
Apenas escrever outra vez
Acho que este é o tempo
Nunca estaremos realmente prontos
Só estaremos prontos para os impulsos
Santos impulsos
Só estaremos prontos para os abraços
E a timidez do primeiro contato
Só estaremos prontos para o tudo
E para o nada
Para o nada que é eterno
E que nos acompanhará sempre

27 de jan. de 2013

Sobre o verbo ser

Só quatro semanas, menina. Um número que te fez crescer, um número que desaparecerá daqui alguns dias, um número que será outro. Que alma mais pesada, menina. Nem te entendo direito, coloquei um outro pra transmitir minha voz, pra te acariciar vez ou outra. Coloquei ele aí para ser consertado, tu remendarás o coração dele. Pouco a pouco, eu sei. Não se precipite, menina. Sei que tu és um impulso desde o primeiro instante, mas desacelere. São só quatro semanas, quase quinze anos. Tens muito pela frente, menina. Tudo virá, é questão de tempo. Já estás adiantada, mas não faz mal, segurarei teus sapatos quando for a hora certa. 

Não esconda o riso, menina. Pode ser que precisem dele. Quer dizer, precisam dele. Continue com a ideia de mudar o mundo, ela será realizada se você quiser. Ainda estou aqui, menina. Não renegue, não mintas, não... Admire-o, menina. Lembre-se que te falei sobre a hora certa, lembre-se que não te dei o relógio.

Desce do ônibus, menina. Já te mandei pular daí outras vezes, pule de novo. Ainda tens minha mão, ainda tens meu sorriso, ainda tens restinhos da alma de criança. Eu sei, é impossível não contaminar-se. Também fui contaminado, fiz o mesmo. Não quero que sejas santa, não quero que sejas papisa. Quero que sejas. Apenas isso. E tu és. E ser não é fácil como tu pensas, mas tu és no meio dos que não são.

Tu és. Eu sou.

Para todo o sempre

Para todo o sempre, de Thierry Jonquet, foi o primeiro livro que comecei a ler em 2013. Vou ser sincera, peguei implicância com o pobrezinho. Começando pela tradução do título que foi feita de maneira errônea. A tradução mais apropriada de 'Ad vitam aeternam' seria 'Para a vida eterna' título que eu acho bem mais apropriado para a história narrada no livro. Mas vamos deixar de mimimi e falar do livro.

O livro começa com um desejo de Anabel: que a mão do senhor Jacob baixasse seus olhos depois de sua morte. Anabel leva uma vida solitária em um pequeno apartamento, já foi presidiária e, por isso, só conseguiu trabalhar em uma 'loja' onde se faziam tatuagens e colocação de piercings. Tudo continua sempre naquela mesmice, até que ela conhece o senhor Jacob. E não, ele não é o príncipe encantado dela.

Entre um capítulo e outro, também é narrada a história de Ruderi, um velho presidiário enigmático, de quem não se sabe a origem, nem o próprio nome - Ruderi é apenas o nome que ele dizia ser dele.

Confesso que é um pouco chato de ser ler, às vezes bem monótono. A parte interessante é o final, quando Ruderi sai da prisão para trazer problemas para Jacob e Tom, que são seus irmãos. Ao contrário do que parece, Jacob e Anabel não se apaixonam, apenas sentem admiração um pelo outro. Quem conquista Anabel é Tom, um incansável rapaz que viaja pelo mundo desde seu início (?!) A melhor parte é a que não posso contar, que é a revelação do segredo de Jacob, Tom, Ruderi e Ava - que é uma espécie de namorada-amante de Ruderi.

A história conta com assassinatos e torturas, com a morte encarada como uma arte, vinganças, sequestros e o tal segredo de Jacob que só é revelado no final. Vale a pena aguentar um pouco da chatice do começo do livro para se surpreender no final.

26 de jan. de 2013

Para minha amiga meigopata

Mais um ano passa, para que outro chegue. Livros ficam no passado para que outros façam parte do futuro. Outras músicas serão escutadas depois desse dia. Degraus empoeirados ficam embaixo para que tu possas pisar nos degraus limpos com pés empoeirados. Paredes desgastadas pelo tempo serão pintadas com uma nova cor, o chão que era opaco terá um toque de brilho. Muitas mudanças irão acontecer, é o que sempre acontecerá. Mas lá no fundo ainda és a menininha inocente que veio ao mundo há dezenove anos atrás.

Eu sei, estou só tentando dar um toque poético em algo simples como um: "Parabéns, Mia!" Mas eu tenho que soltar a imaginação, faz parte da alma. É isso, Mi. Quero que sejas feliz ao teu modo, que sonhos sejam realizados, que mais livros sejam lidos e que esses olhos verdes vejam a beleza que se esconde em tudo. Happy birthday, baby!

18 de jan. de 2013

Beije-me e vá embora

Rapaz de olhos castanhos, faz com que eu lembre como o chão é frio e duro. Frio e duro como nossos destinos. Você tem letra e música em minha vida, tem o cheiro de um 'não sei o quê' que eu sempre gostei tanto. Saiba que você jamais será apagado.

Você me mostra seu foco, seus conceitos, seus risos, olhares, pensamentos indecifráveis, sorrisos, beijos em minhas mãos, abraços. Você é o único amor que realmente existiu em minha vida. O único amor que fui correspondida, mas fui impedida de prosseguir esse sentimento. O único amor que correspondi. O único.

Você me derruba no chão sem querer; nós rimos. No dia seguinte levo uma facada que eu já esperava, que eu sabia que iria acontecer. Minha alma dói, dói muito. Meus olhos estão inchados, minha cabeça está latejando... Mas não se preocupe, eu sei sofrer. Sou boa atriz, consigo disfarçar, faço com que ninguém perceba o que me atinge. Sei que vez ou outra você voltará para os meus pensamentos. Mas sei sofrer, consigo disfarçar.

Estou chorando em frente ao espelho, trancada no quarto. Uma expressão de dor está no meu rosto, no meu rosto vermelho. Dentes cerrados, arrasto minhas mãos na parede áspera, esmurro a parede. A dor não vai embora. Releio o sms milhares de vezes. E a cada vez dói mais, e a cada vez me contorço mais, me culpo mais, me odeio ainda mais. Coloco os fones, e escuto a música que você cantarola.

Faça-me sofrer, Heathcliff. Só não pense que é único em seu sofrimento. Desapareça, siga seus passos, toque suas músicas. Sentirei falta das suas mãos ásperas. Vá embora, só não sinta pena de mim. 

Vá, livre Heathcliff. Guerreie, doce Tom. Faça escolhas certas, Gerold. Continue caminhando, Jacob imortal. Seja orgulhoso, Darcy. Não seja depressivo, Marvin. Olhe para trás antes de desaparecer, Guerreiro da Luz.

Só te peço uma última coisa. "Beije, enquanto seus lábios ainda estão vermelhos..." Beije-me e vá embora. Nunca o esquecerei.

15 de jan. de 2013

Do dia que estive ao lado do demônio

Ontem o demônio esteve ao meu lado. Matou a saudade que sentia, contornou minha face, meus lábios... Me disse coisas profundas, comentou que não havia esquecido do que aconteceu. O demônio me arrastou para o inferno, depois me mostrou o caminho do céu. Me fez chorar e rir, me fez clamar por piedade e me deixou com pose de orgulhosa. Me abraçou enquanto eu queria fugir. Eu quis ficar quando ele me disse que iria embora.

Ele me falou de suas andanças, das almas que já havia destruído, me explicou como tocava seus instrumentos, mostrou suas cicatrizes. Deixou que eu ouvisse seu coração acelerado, eu deixei que ele tocasse minhas mãos suadas. O pensamento dele era tão forte que eu conseguia senti-lo. Sei que queria - e ainda quer - me matar, sei que ele deseja destruir-me pouco a pouco, que quer derramar meu sangue e dele beber. Sei que ele quer o que eu nunca deixei que possuísse. Sei que ele quer me enforcar quando acaricia meu pescoço.

Quase permiti que ele me sequestrasse, que perfurasse minha pele com suas facas afiadas. Quase acreditei quando ele disse que não iria me machucar. Minha aura transformou-se em algo estranho, em algo de muitas cores. E nenhuma das cores permanecia nela. Minha aura obedecia a velocidade da minha alma.

O demônio disse que precisava sair, me disse para ter cuidado, coisa que eu não estava fazendo. Ele foi embora, e não olhou pra trás. Mas me prometeu que voltaria. Depois disso, sentei-me no chão frio, entre árvores, pedras e insetos. Senti o clima estranhamente frio, tremi. Mas vi que ninguém sentia frio, mais uma vez era o frio que estava em minha alma e manifestava-se no meu corpo. O sol brilhava do lado de fora daqueles muros, senti uma estranha paz, uma sensação de dever cumprido. Realmente havia cumprido algo: fechar o ciclo que - erroneamente - havia sido aberto por mãos inexperientes. Eu acabara de começar a tentar explicá-lo que jamais seria dele, mas que não sairia do lado dele, que permaneceria ali, para que ele nunca cometesse loucuras. 

Pedi a Deus que me deixasse ouvir sua voz, que de alguma forma me mostrasse o que iria acontecer. Ele não me falou, nem mostrou nada. Mais uma vez Deus me mandava decidir, me mostrava que Ele havia escrito toda a minha vida. Mas algumas lacunas estavam vazias, onde eu deveria decidir o que fazer. A decisão deveria ser tomada por mim. Eu sempre soube que o menor deslize custaria minha vida.

10 de jan. de 2013

Tudo outra vez...

Puxou meu braço, me olhou nos olhos e não falou nada. "Tudo o que não foi dito." Essa sensação de vazio me estrangulava na mesma medida que me deixava livre. Era bom olhar nos olhos dele sem medo, observar o sorriso bonito, que fazia a suposta maldade desaparecer. Desaparecer.

É impressionante como fui, a forma que agi com ele. Coloquei-o em jogo, confesso. Só que não percebi. Eu era infantil demais, queria o perdão dele. E ainda quero.

Me faltou coragem para sentar ao lado dele, olhar nos olhos e perguntar o por quê de tudo o que aconteceu no último ano. Sinto falta das mãos ásperas, da beleza inexistente. Não, não é amor. É só carinho, um afeto enorme. Senti vontade de conhecer a alma dele, acho que ainda preciso fazer isso. "Tenho que conhecer essa alma." - foi o que pensei assim que o vi pela primeira vez, me olhando de revés. Tenho que conhecê-lo, mesmo que isso seja pago com minha vida.

5 de jan. de 2013

So we take each other's hand...

Mãos dele na cintura dela, mãos que subiram um pouco. Ela evitava olhar nos olhos dele, ela sabia que acabaria caindo em tentação. Seguir a coreografia estava ficando um pouco difícil, o clima estava tenso. Dançar não era o objetivo dele, ela tentava fugir desse outro objetivo. Olhos fixos no notebook. Olhos que evitavam outros olhos. O vídeo rolando. De costas para ele, uma das mãos tocando os cabelos negros dele, a mão dele... a mão dele segurando a dela.

Ele não parecia ameaçador, parecia apenas apaixonado. Ainda guardava os sentimentos de um ano atrás. Ela, estava com medo desse sentimento, com medo de ele estar mentindo, com medo de fraquejar, com medo daquele ser que ela quase não conhecia...

Uma história bem pesada se encontrava no passado deles. E ele ali, sorrindo como quem a admirava, sorrindo como quem não resistia. Ainda a olhava de soslaio, gostava dela, talvez ainda a amasse. Ela com medo de que o corpo fosse fraco, não gostava dele, mas sempre soube que seria difícil resistir.

Ele sentia vontade de arrancar a roupa dela. Ela queria correr, sair dali e nunca mais voltar; só que ela não tinha forças, ou talvez não quisesse sair. Ele contentou-se em apertar a pele dela, com cuidado para não arranhá-la com as unhas grandes. Ela contentou-se em aceitar o que ele estava fazendo.

Antes que as coisas esquentassem ainda mais, a fechadura girou e o restante dos dançarinos entraram na sala. Separaram os corpos, mas não acabaram com o clima.

Tudo muito incerto, eu sei. Nada como a vida real.

3 de jan. de 2013

Carta para Paulo Coelho



Costumo pensar que Paulo Coelho “é o cara dos meios, o meio que é mais importante que o início, mais importante que o fim.” Ainda não consegui ler todos os livros dele, mas isso é uma meta que levarei para a minha vida – e que em breve se realizará. Paulo Coelho entrou na minha vida muito, mas muito cedo. Eu tinha quatro ou cinco anos. Acho que ainda nem sabia ler perfeitamente, mas lembro das capas dos livros; a que lembro com mais nitidez é a capa de A bruxa de Portobello. Quando este livro foi lançado, eu já deveria ter 8 anos, mas ainda era nova demais para ele.

Há menos de um mês eu li pela primeira vez um livro de Paulo Coelho. Li O Zahir. E senti que ele, inconscientemente, escrevera este livro para mim – que também tive um zahir, que não foi O amor, mas foi um zahir. Acho que não conseguiria resenhar um livro dele, pode até ser que um dia consiga. Mas não será agora.

Desejo conhecê-lo, abraçá-lo e, por fim, dizer “obrigada!”. Disse isso há poucos dias, ou melhor, escrevi. Mandei um tweet para ele, com uma simples palavra: Obrigada. Não há muito o que escrever, é um simples agradecimento que diz muito.

Agradeço a ele por ser simples, e ao mesmo tempo, explicar tanto. Paulo Coelho é um homem que não complica, que fala de tabus. Contou a história de uma prostituta, que li agora, com catorze anos. Fui olhada com um pouco de receio por uma amiga e por uma professora. Talvez pensassem: “Lendo isso com tão pouca idade.” Eu pensei: “Leio, e com uma idade mental maior que a de vocês.”

Outra amiga gostou do que falei, leu alguns trechos do livro e o levou para casa. Fico feliz quando alguém gosta dos livros dele; quando vejo alguém com os olhos brilhando por causa da sensação quase inexplicável que é ler um livro dele.

Gosto da sensação quase inexplicável da mistura de Deus, com as energias e com a natureza. E ainda, da alma humana em tudo isso.

Paulo Coelho, mais uma vez, obrigada.

1 de jan. de 2013

Coisas passadas e metas para o futuro

Dois mil e doze passou, mas deixa um pouco de saudade.  Falando sério, nunca tive tantas expectativas com um novo ano, mas essa tal expectativa chegou. Finalmente sou uma pessoa que tenta seguir metas. Cresci, né? Agora já deixei de ser uma menininha e entrei em dois mil e treze com o pé direito - e depois o esquerdo, obviamente.

Chega de conversa fiada! Vamos ao meme que roubei da Mia - aliás, roubo memes da Mia desde o século passado, hahaha.

15 coisas mais legais de 2012.

1. Criei esse blog, que na época se chamava Thousand Loves.
2. Interessei-me ainda mais pela leitura e conhecimento.
3. Comprei meus primeiros livros - antes disso, lia apenas livros emprestados.
4. Decidi o que quero para o futuro: Jornalismo.
5. Vi o mar do 22º andar de um prédio e chorei.
6. Me libertei de alguns poucos preconceitos que tinha; repensei fatos e ações...
7. Conheci melhor meus antigos amigos. Fiz algumas amizades novas, e entre elas está essa menina sulista de quem roubei o meme, e que me faz um bem danado.
8. Corri, sorri e cantarolei na chuva.
9. Conheci um escritor e historiador do meu bairro. Muito amor.
10. Comi meu primeiro sanduíche.
11. Escutei músicas no último volume - e nos fones de ouvido. Morri de dor de cabeça depois, mas... que se exploda!
12. Esqueci meu zahir. (Paixão platônica que não me deixava; obsessão; loucura disfarçada.)
13. Li um livro do Paulo Coelho (O Zahir). E amo esse cara desde que li.
14. Esvaziei minha alma, liberei-a dos medos.
15. Joguei tanta coisa fora: desenhos, diários, cadernos... Coisas sem significados.

E as temidas 15 metas para 2013.

1. Ler cada vez mais, ler compulsivamente.
2. Fazer um curso de Inglês. *-*
3. Tirar uma foto por dia, e criar o álbum "365 days of 2013".
4. Fazer todas as resenhas para o DL 2013.
5. Saber equilibrar orgulho e meiguice.
6. Viajar - é um pouco difícil, mas não é impossível.
7. Fazer o Enem - será uma experiência, mas não irei pirar com isso. Ainda estarei no 2º ano do Ensino Médio.
8. Permanecer nessa vibe minimalista e deixar as paredes brancas do meu quarto em paz.
9. Fazer novas amizades.
10. Comprar mais livros.
11. Aceitar mais, sorrir mais.
12. Gravar algum vídeo e postar aqui.
13. Não mudar o nome do blog.
14. Encontrar alguém legal, e que eu goste. Caso não encontre: ser forever alone é uma maravilha.
15. Amadurecer mais, como amadureci nesse ano que passou.

É isso, crianças. Um ano maravilhoso para nós. Beijo!