12 de jul. de 2012

Ofuscante

     O vento faz com que as minhas lágrimas sequem, faz com que o meu coração aperte, mas eu sei que preciso chorar mais. Então vou ao banheiro e abro o chuveiro, o barulho da água faz com que ninguém escute meu choro, choro de quem está lavando a alma.
     Descobri que o sangue jorra em uma ferida, mesmo que ela não seja aparente. O sangue jorra nas feridas e me provoca uma hemorragia interna, a pior de todas. É na hemorragia interna que você se mata mais facilmente, pois todos os sentimentos e dores jorram pra dentro, sem que ninguém veja que você está morrendo. Até que um som estanca meu sangue. Quase anêmica, sem forças pra levantar, eu saio do meu cubo branco de isolamento, não entendo o porquê de ele ser branco, deveria ser preto, pois lá é onde eu descarrego minhas mágoas.
     Em pé, de frente para a janela, olho para cima e vejo a luz ofuscante da lua. Ao olhar pra lua eu lembro de você, vocês se parecem, ambos são idiotas e ofuscantes. Até que você surge e faz as minhas feridas fecharem um pouco.
     Parado, de costas, você escolhe calmamente um refrigerante. Eu olho a lua novamente e ela me ofusca a visão, passam alguns segundos e a minha visão se normaliza. Eu volto a te observar e percebo que tomei conclusões precipitadas e que chorei sem necessidade e que você não errou e que eu te perdoo. Eu te fito de longe e a minha mente brilhante começa a trabalhar, eu solto meus suspiros doloridos e abro um discreto sorriso bobo e começo a enxergar novamente as suas qualidades, seu jeito simples, sua inocência...
     Ao te contar que te achei tão inocente ontem, você sorriu meio que sem jeito e nós dois rimos juntos. Você me respondeu com um:
        -"Dessa vez você se superou, tá vendo coisa que nem existe!"
        -"Eu sei, eu sei..."
     E nós rimos novamente, você elogiou minha capacidade de perceber coisas inexistentes. Você disse que infelizmente já estava na hora e tinha quer ir trabalhar, beijou minha testa e foi. Então eu percebi que você tinha perdoado a minha burrada da semana passada e perdoei a sua.
     Agora eu só te peço perdão pelos meus impulsos, eu sei, eu sou uma pessoa muito difícil de aguentar. Às vezes eu explodo até comigo mesma. Por favor, tenta se acostumar, eu sou muito imatura e te admiro muito por amar de uma pessoa tão difícil quanto eu. Você é como uma estrela antiga, maduro e ofuscante. Me perdoa por colocar reticências em tudo, é porque eu desejo que nada tenha fim...
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Já que gostou, comenta! É isso que me faz feliz. ;)