29 de set. de 2013

Verbo

Queria o simples encontro de nossos olhos. Saber o que a alma sente ao encontrar outra exatamente igual. Mesmas dúvidas, mesmos traumas. A palavra, que nos aproximou, não sabe o que dizer. Meu amor escreve sem saber o que escrever, meu amor não faz amor, meu amor sabe temer. Meu amor é um sentimento confuso, falso, meu amor é uma paixão. Queria ouvir a voz do meu amor, entender cada fonema saindo dos lábios. Sentir o juntar dos pulsos, esquecendo as mãos. Um amanhecer idealizado intimamente, algo inconsciente. A dor no peito que desce para os braços. A dormência de estar tão longe, sussurrando poemas, sussurrando como se meu amor pudesse ouvir. Dormindo sem rezar, apenas idealizando o amor que um dia será realizado. Idealizando o amor de milênios passados, lembrando o primeiro encontro dos olhos, a primeira mensagem trocada. O primeiro poema, o desejo de sucesso. Palavras iniciais, erradas, triviais.

A inocência do passado, fazendo encontros distantes; a inocência de lembrar como era o corpo do meu amor, em reformas exteriores. As mesmas paredes nos rodeando em épocas diferentes, nossas energias encontram-se na biblioteca. Amor, palavra do dicionário, verbo da gramática. Sentimento.

O desejo do encontro. Desespero por não saber o timbre da voz, quais os gestos distantes, o olhar. Um amor de outros tempos, porém, um amor novo. Quebrando barreiras, exceto a barreira do conhecer. O sonho de encontrar o amor em uma esquina qualquer, dessa vez, sem textos ou dedicatórias. Apenas rosas nas mãos, suor frio e um sorriso tímido-torto. Andar em uma avenida, quem sabe? Aspirando o ar imundo sem contaminar o nosso sentimento.

E esse amor é algo tão cheio de focos e facas. Será essa a minha imperfeição, dizer que amo sem saber amar? São tantas palavras que não escrevo, que só imagino. E fica aquele "não-esquece-que-eu-te-amo" no ar.

27 de set. de 2013

Sete da manhã

"Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem."

Cores, pessoas e uma escada solitária. O livro que não voltou para as minhas mãos. Meus passos apressados no início da manhã, milhares de palavras ecoando, passos automáticos, palavras e palavras. Pés que pisam a areia, as pedras úmidas, o asfalto morno; pés que vivem todas as manhãs. A beleza escancarada e tímida, a beleza... O ar puro de minutos atrás transformado em algo cinza, visto a olho nu. A alma jovem, despreparada, madura e atormentada. O medo das pessoas, o carinho com as mesmas pessoas. Olhares mortos de início de manhã. Algo nascendo no âmago, no ventre, no coração. O mundo crescendo nas minhas entranhas em cada manhã.

A vida iniciada com gosto de quem morre. Antigos quinze anos, não são nada os meus quinze anos... Quinze anos, é tudo o que possuo. E as paredes me cercando outra vez. Quinze segundos de liberdade em cada manhã. Mais sorrisos e rostos preocupados. Cada dia parece ser o pior, o último. Cada dia é o primeiro, o único. As mesmas paredes de sempre, o mesmo chão, pessoas diferentes de mesma expressão. Olhares e pensamentos, são as únicas coisas que os distinguem. O mundo que mora em cada grão de areia. Olhares que prendem outros, faces que nada expressam. Sorrisos ainda são raros, tímidos. 

E dentro de outras quatro paredes, algumas mentes vazias declamam seus pensamentos vazios e desconexos. Vomitam preconceito em nome de Deus, é a mesma Inquisição de séculos passados. São os mesmos pecadores apontando pecados alheios, pecados que não são pecados. Os torturadores do século XXI, usam como armas os fonemas, em nome de Deus.

24 de set. de 2013

Infinitos

para M. M.

Era como observar o sol através de uma pequena fresta. Conseguia vê-lo, senti-lo. Mas era algo distante, dolorido. Uma antiga ferida recentemente aberta. Os olhos fitando, vivendo. As mãos suando, tremendo. A impossibilidade. Impossível viver sem virar essa página, atravessar tal ponte, escalar uma montanha. Traumas acumulados, vidas. Drásticas mudanças.

Os olhos, as mãos, os sorrisos, os ares. O que te cerca é o mesmo que nos cerca? Flores, folhas secas. Páginas viradas, páginas marcadas. Suspiros doloridos, o leve fechar dos olhos, o milimétrico fechar das mãos. A vida brotando perto, o amor brotando longe. Tudo nascendo, até o inanimado. O sorriso brotando tímido, o coração acelerado, batendo feito animal medroso.

O caminho tornando-se curva. O caminho curvando-se para o mundo. Alguém dobrando a esquina fez dela caminho. Do ato de caminhar, fez fuga. Da fuga: alegria, vida. Da caminhada, corrida. Corrida rápida, leve, libertadora. Corrida-quase-voo. Sussurro quase beijo. As palavras presas no peito acelerado. Palavras presas no coração de quem demasiadamente ama, demasiadamente chama, clama.

A rosa nas mãos, ou uma flor. Exatamente como os que amavam há trinta anos atrás. O medo, as mãos, o suor, gelo, olhos brilhando. O caminho caminhado, os traumas superados, os sentimentos confessados. Páginas rasgadas, viradas, esquecidas, escritas. A vida sorrindo longe para o amor chegando perto.

18 de set. de 2013

As moças

Originalmente postado em: Amiga da Leitora

Our steps will always rhyme,
You know my love goes with you

As your love stays with me,
It's just the way it changes
Like the shoreline and the sea.
[...]
Hey, that's no way to say goodbye.
- Leonard Cohen


Tudo no lugar, limpo, sem os grãos de poeira que ainda te viram aqui. Só o cheiro do seu perfume ainda está aqui, maldita a hora que quebrei a primeira coisa que tinha perto das mãos. Até as formigas parecem mais lentas depois que você se foi. Sexta-feira, meio-dia, você andando de uma ponta a outra do quarto, esfregando as mãos. Até que eu, preocupada, como quem não quer nada, acendo um cigarro, largo o livro e puxo conversa.

   - O que houve? Você está estranha, preocupada, quase sufocando... Quer conversar?

Silêncio. O gato quebra mais um prato na cozinha. Nenhuma voz. Duas moças caladas em um apartamento que as duas decoraram, há cinco anos atrás. Lísia ainda fumava, pés descalços, soltando fumaça pela boca como alguém superior, alguém que quer respostas. Luísa estava parada, olhando Lísia fumar, vendo o corpo delineado da moça suando de tanta expectativa. Lísia era a mesma, atrás dos óculos vermelhos, do sorriso que não mostra os dentes, do livro nas mãos, do riso musical e escandaloso; tímida, com cara de misteriosa, algo que realmente era, já que ela parecia ser um mistério indecifrável. Luísa era mais baixa, com um corpo de brasileira, como dizem por aí; sorria sem medo, odiava cigarros, mas adora ver sua moça fumando na janela, provocando-a com a maior naturalidade do mundo. Nomes quase iguais, idades iguais e signos que não possuíam compatibilidade.

   - Luísa, fale. Você está assim há um bom tempo. Eu posso te ajudar, você sabe disso.
   - Como, se você é o problema?
   - Foi algo que eu fiz? Algum rapaz que fiquei? Você sabe que aquele rapaz não significa mais que você, nunca estive apaixonada por ele!
   - Seus ficantes nunca me incomodaram, você sabe. Você sempre foi livre para amar quem quisesse e até acho isso bonito. Te conheci assim, te quis assim. Só que eu não aguento mais te olhar e te esconder a verdade, te vejo tão inocente, com um short destruído da época da sua adolescência, com esse olhar puro de quem sabe tudo, com esses cachos presos, com livros nas mãos... Acabou-se o amor que eu tinha por ti. Não sei explicar! Há tempos eu finjo que ainda te gosto, mas só te vejo como um enigma bonito de se ver. Você é admirável, mas eu não te admiro mais. Morreu algo que eu queria eternizar.
   - Eu nunca dei sorte para o amor. Não sei qual milagre te trouxe para os meus braços... Duramos muito, até. Não é?

E não era. Lísia chorava um pranto infantil, apagou o cigarro com os dedos. O fogo queimou os dedos da mão esquerda, mas não doía. De repente, começou a prender os gritos que vinham junto com as lágrimas, o choro não era mais infantil. Com ódio nos olhos, fitou Luísa como se fosse matá-la, quebrou um vidro de perfume na parede e disse o maior número de palavrões que conseguiu. Era uma dor nova, sufocava. Era pior que respirar pela primeira vez ao nascer. Mas decidiu parar de chorar, passaram-se horas. Lísia caída, tentando juntar seus pedaços. Luísa calada, de pé, esperando aquela moça falar alguma coisa. O choro de Lísia cessava, ela saiu da cadeira, vestiu uma blusa e colocou o celular no bolso.

   - Vá, Luísa. Você é tão livre quanto eu, quanto qualquer pessoa. Ainda te amo, vai demorar um tempo para acostumar com a ideia de estar sozinha aqui. Eu que sempre adivinhei tudo, que sempre li as entrelinhas dos teus gestos, eu que... Eu não desconfiei do amor morto que você carregava na alma, carregava-o como a mãe carrega o filho morto no ventre, esperando que ele renasça. Vá, mas por favor, volte logo se descobrir que foi engano. E não me procures mais se o fim foi verdadeiro. Ligue quando já estiver um pouco longe daqui, só voltarei quando não estiveres mais. Não quero assistir a última cena da peça que escrevemos. Foi maravilho enquanto existiu amor.

Luísa permaneceu calada, apenas confirmou com a cabeça tudo o que Lísia dizia. Era dolorido ver aquela menina pela última vez, naquela situação, chorando por todas as dores do mundo. Era só mais um amor que chagava ao fim e isso era normal demais. Lísia que sempre foi exagerada em tudo... Em breve, outra moça estaria ali, ocupando os mesmos cômodos, ou um rapaz. Ou ninguém. 

O celular de Lísia não tocou naquela tarde, nem no dia seguinte. Só na noite de domingo Lísia teve coragem de voltar. E sim, ela havia ido embora. Metade do guarda-roupa estava vazio, faltavam livros na estante, o vidro de perfume continuava estilhaçado no chão. Nada de cartas ou bilhetes, apenas a partida fria de quem já amou demais.

15 de set. de 2013

Sussuros

Desapego, costas viradas.
Olhos desarmados.
Sonhos perdidos.
Amor destruído.
Vidas, vividas, marcadas.
"Acho que a gente é que é feliz."
Cantamos, achando as palavras erradas.
Marcas destroçadas.
Pedras no caminho.
Sozinha sem destino.
Nesta selva camuflada.
Você é meu desalinho.
Amor repentino.
Alma desarrumada.
O valor do meu sorriso.
Meu tudo, meu nada.
Teu amor, meu paraíso.
O sabor de minha lágrima.
Minha voz imperfeita, desafinada.
Nos teus ouvidos busca abrigo.
Minha sina de falsa apaixonada.

Milena Moreira e Gleanne Rodrigues.

Francisco

Caiu enquanto dava o seu passo, o último. Passo que levava a crer que aquilo era dança. E o susto repentino congelava as veias, o dono do bar chamou o teu nome. Você, assim imóvel, parecia estátua. Com o vento fazendo ondas na tua roupa. O que será da tua vida se ela virar morte? E eu, meio quieta, observava tudo. Na porta do bar, caíras mudo; a bicicleta ao lado gritava: "Futuro!"

E, meio desesperado o dono do bar ficou. Os amigos na esquina ele também chamou. Ao homem da ambulância, disseram: "Venha logo! O homem está caído, quase morto. Ao seu lado uma bicicleta velha clama por socorro, e no seu bolso está um litro de bebida alcoólica."

E ao tocarem teu pulso, não sentiram nada. Quem estará aqui para chorar a tua morte? Do sol tiraram o teu corpo calmo, à sombra de uma marquise ficou calado. Tua cabeça pendia como se estivesse morta, tuas mãos já não tinham nenhuma força. E eu, assim, com as mãos quase postas em oração, pedi que algum santo te salvasse daquilo. Depois pensei no mundo, e que ele nem valia a pena. Desci os degraus com passos frouxos; pensei se existiria mesmo o Paraíso, queria saber onde realmente tua alma estava.

Chegaram ambulâncias depois de longo tempo. Vermelhas e brancas, gritando desatentas. E deram vários choques no teu peito frio, massagearam teu coração como se ele fosse frágil. Prepararam a maca com tanta pressa, mas uma pressa profissional. Chegaram depois tua ex-mulher e um filho, filho que derramou imperceptíveis lágrimas. Depois do meio-dia te declararam morto. Com isso, todo o teu público foi embora, eu fiquei tão pensativa. Quem será que sentirá a tua falta? Os homens riam diante do espetáculo, depois esqueceram o fato mágico.

Francisco, descanse em paz.

P.S.: Baseado em um fato real.

12 de set. de 2013

9 de set. de 2013

Siddhartha

P.S.: Texto originalmente publicado no blog Amiga da Leitora.

Sábia mente vazia. Todo conhecimento ao chão, espalhado, destroçado. A alma na estrada, em algum carro antigo; carro comprado pelo menor preço possível, alma liberta pela falta de preço. Cabelos curtos, a falta do dinheiro causando uma magreza frágil, Joni Mitchell no rádio do carro. Uma carteira de cigarro no banco do passageiro. Cigarros só são bonitos se você não acendê-los, por isso, sempre andei com cigarros e sem isqueiros ou fósforos. Estou vivendo a vida que meus ídolos admirariam. Ídolos que morreram por amarem demais o mundo e odiarem eles mesmos. Ídolos, meus ídolos... Pés de barro, pés como os meus. Sem diplomas, sem emprego definido. Quase cheguei ao ponto de vender os únicos trapos que vestia, trapos que nada valiam. Escrevendo contos, dormindo na casa de desconhecidos ou ao relento. Meus pais em uma cidade distante, do outro lado de um oceano sem nome. Meus pais... Será que sentem saudade da ovelha negra da família católica e conservadora? Saí de casa quando completei dezoito anos de idade, depois de deixar toda a minha família escandalizada. Descobriram que eu morava e namorava com dois rapazes. Foi um caos, o caos. De nada adiantou explicar os conceitos do poliamor. Na língua deles, aquilo não passava de falta de vergonha na cara. Eu, extremamente feminista, fazia o que bem entendia, amava quem eu queria, jamais aceitei casar na igreja. Meus pais me amavam e odiavam na mesma medida. Nunca pude mudar o meu eu. Era ser o que minha alma gritava ou matar-me.

Eu, tão sensível e tão incompreendida. Uma faculdade quase terminada, faltando três meses para receber o diploma, tranquei o curso de Jornalismo. Até a escolha dessa profissão enojava meus pais. Eu poderia ser professora, médica, qualquer coisa... menos feliz. Escolhi a liberdade e a solidão. O amor seria para sempre a minha necessidade secundária. Conheci cachoeiras, mares, cavernas e solidões. Conheci rapazes certinhos, idiotas, marombados e hippies. Só os hippies me ensinaram a ser feliz. O primeiro hippie que conheci se chamava Diego. Tinha dezoito anos quando o conheci, ele havia nascido no mesmo dia que eu, na mesma hora, mesma cidade e na mesma maternidade. Ele dizia que éramos cópias, os seres perfeitos que por acaso encontraram-se. Com ele fugi de casa, fugi do país, aprendi meia dúzia de idiomas, fugi de continente, aprendi yoga, magia e meditação; com ele tive meu primeiro filho que morreu antes de completar os nove meses da gestação. Era um menino, chamava-se Siddhartha; nós o enterramos e um lugar desabitado e no túmulo dele plantamos uma árvore. Nosso menino ganharia a vida que perdeu.

Hoje, dez anos depois, estou no lugar onde enterrei meu filho. A árvore é frondosa e inexplicavelmente bela. Siddhartha... Ao enterramos nosso filho, decidimos que era a hora de uma separação. Eu fui para o México, ele foi para algum lugar da América Central. Hoje voltei para o Brasil, a terra que me deu vida. Embaixo das folhas de meu filho fiquei. Permaneci esperando Diego. Doze meses se passaram desde que cheguei, só depois de doze meses Diego chegou. Acabou preso ao ser encontrado sem documentos, mas ali estava ele. Com algumas rugas, rugas adquiridas por sorrir demais. Os longos cabelos estavam menores, os olhos tinham a mesma alegria. Abraçou Siddhartha sem acreditar na mudança dele. Não era uma árvore, era nosso filho. Juntos, passamos quinze dias com nosso filho. Meditamos, comemos os frutos que nosso filho nos dava, rezamos, sorrimos, choramos... Nosso amor ainda estava vivo, assim como nosso filho. Mas, seres que foram destinados a amarem-se para sempre jamais permanecem juntos. Diego beijou meu rosto, eu beijei as mãos dele. Em uníssono nos despedimos.

Mais uma vez saí sem destino. Um pouco angustiada, mas sorrindo. Do outro lado do mundo existia um homem que me amava, um filho que estava preso ao chão com suas raízes. Tudo era perfeitamente estranho. Pela primeira vez acendi um cigarro.

8 de set. de 2013

Resiliência

E acontecem essas coisas que não conseguimos explicar para as crianças. Nascemos, juntamente com os pingos de chuva, os raios de sol. O mundo dói, você não sabia? É mais uma das infinitas coisas que não nos ensinaram na infância. Crescemos como flores selvagens, mesmo que nos protejam excessivamente. Acho tão injusto o julgamento de um passado tão distante. Será que você também pensa assim? O poeta disse que é preciso virar a página e eu acreditei, concordei. Você me indagou sobre as marcas. E eu disse que elas são necessárias e só. Nunca me senti tão rasa. Agora quero que você aceite sua profundidade.

Eu que leio as entrelinhas, quis ser Deus. Dessa vez por uma causa nobre. Eu que de Deus já duvidei, eu que de Deus desacreditei. Quis ser o mais perfeito dos seres para te explicar o que eu, humana, não consigo dizer. O mundo é bom, menina. Mas a maldade quer que vejamos as coisas de outro ângulo. Dizem que eu tenho todas as palavras na palma da mão, mas isso é um inocente engano. Eu queria, sim, ter todas as palavras. Só com essas palavras que eu não conheço, eu poderia tirar um pouco da tua dor. Mas se, por um acaso, o mundo te machucar outra vez, eu prometo que meu silêncio estará sempre contigo. E as pessoas que possuem o meu silêncio cheio de palavras que não consigo dizer, bem, são elas que eu mais admiro. Admiro, mesmo que não consiga expressar.

E agora, moça?
O mundo quer acabar
Mas ele sempre recomeça.
E nós, vãs criaturas, não podemos recomeçar?
De cada cicatriz
Devemos nos orgulhar
E de nada nos valerá a escalada
Que não consiga nos marcar.

Para uma moça que nasceu há exatos dezenove anos. Mais uma vez, feliz aniversário.