4 de ago. de 2012

O término do fim

     Era bonito olhar como aquela fresta de sol tremia sobre a minha blusa laranja e refletia o formato do pingente do meu colar no guarda roupas. Aquele pingente era a inicial do seu nome, era uma forma de ter um pouco mais de você em mim.
     Poderíamos ter nos conhecido em qualquer lugar, em lugares escuros e desabitados ou em lugares iluminados e cheios de pessoas. Mal nos conhecemos em uma rua iluminada com uma luz fraca, uma rua pequena e quase deserta. Era noite e já estava um pouco tarde, só te vi de relance, mas te gravei de tal forma, que te conheço mesmo que você esteja à quilômetros de distância de mim. Essa foi a primeira vez que eu te vi.
     Poderíamos ter nos visto pela segunda vez em uma festa. Eu poderia estar maravilhosa, com um vestido roxo, um salto de quinze centímetros e com o cabelo perfeito. Você poderia estar com a sua melhor camisa, com um sapato de couro e gel no cabelo. Mas eu estava com o cabelo de quem tinha visto um fantasma, com as roupas que eu só vestia para arrumar meu quarto e com a rasteirinha de sempre. E você? Você estava com uma camisa de time de futebol, aquela bermuda que você gostava e seus chinelos amarelados. Foi esse o cenário perfeito da segunda vez que trocamos olhares e sorrisos. A rua estava calma e o vento frio tinha se tornado quente após a tua presença. Eu estava tímida, horrível, assanhada e com vontade de não ter decidido arrumar o quarto justo naquele dia. Você me olhava dos pés a cabeça com um largo sorriso no rosto, o que me fazia ficar mais tímida ainda. O pior era que você estava me admirando como se fosse a mulher mais linda do mundo, esse é o famoso amor à segunda vista. Você tinha vindo buscar uma chave que tinha deixado com o meu pai, eu demorei uns dez minutos para achar a chave e ao te entregar, ao invés de você pegar a chave, você segurou minha mão e eu me senti uma idiota porque eu estava com as mãos frias demais. Naquele momento eu tive certeza de que era amor, o maior da minha vida.
      Mas que pena que não foi como num filme, que o final é sempre feliz. Aconteceu da forma mais real possível, você simplesmente já era comprometido. E eu aceitei, afinal, era a única alternativa.
      E eu fiquei na calçada, esperando você atravessar a calçada e sumir. O vento voltou a ser frio logo após a sua saída. Nessa hora eu me senti como a última pessoa do cinema, que mesmo depois do fim do filme continuava lá, sozinha e no escuro. Apenas esperando o fim terminar.
Gleanne Silva.

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