3 de mar. de 2013

Sobre os dias em que fui uma Clarissa


Dia desses fui Clarissa, agarrada ao travesseiro, cravando as unhas nas mãos. Dia desses estava na janela, tentando ver as estrelas mais distantes; quase não as vi, as estrelas mais brilhantes haviam ficado pra trás. Eu era depressão no meio da felicidade, me sentia um fardo para todos, algo que deveria ser excluído. Pensei nas facas, nos remédios guardados bem ali.

Fui Clarissa me jogando na cama, abafando o choro. Despedaçada como sempre,como todos iriam fazer. Despedaçada por todos e por si mesma. Que culpa tinha ela de ser tão cheia dessa alma cheia de palavras? Que culpa tinha ela de não saber cuidar de si mesma, de não conseguir fugir? É nessas horas que o teto parece infinito, infinito na sua inutilidade.

E ali estava ela, mais uma vez, chorando por uma pessoa insensível.Com um vestido solto, fino, tão branco quanto sua alma. Uma alma pura que já havia experimentado toda a maldade do mundo. Se alguém a observasse do teto, enxergaria a coisa mais bela do mundo: um corpo magro jogado em uma cama bagunçada; um corpo tão branco quanto as nuvens; com uns olhos perfurantes, fixos, um olhar quase mortal, quase morto. Mas Clarissa era linda, mesmo que o choro fizesse dos seus olhos um espelho, olhos que agora são marrons. Os cabelos em desalinho, a fraqueza do corpo machucado demais.

Mas Clarissa possui uma força estranha, quase sobrenatural. Ela ficará jogada na cama, distante de todos, até que tudo passe. Nenhuma dor é eterna. Nada é eterno. Exceto o par de olhos verdes que fitavam tudo. E fitavam nada.

Clarissa e seus olhos, que vocês existam por toda a eternidade.
{ Texto inspirado na Clarissa, essa menina impossível de se traduzir em um só texto. }

4 comentários:

  1. Que terno. Saí do blog da Mia para residir neste mar de ternura. As palavras sibilam poesia intensa e se abraçam em sentimentos singulares, brilhantes na alma. Aqui há reflexo palpável de Clarissa, uma menina que na realidade tem muito amor fluindo nas veias, muita magia residindo num coração imensamente rubro em doçura.

    Ser Clarissa é desaguar em águas cristalinas de puro sentir. Onde a tristeza revolve pelos quatro cantos da alma, e dispersa sonhos e vontades concretas pela tão almejada felicidade.

    Ela guarda as maiores belezas do mundo, e leva consigo uma alma de diamante. Seu brilho é evidente. Seu rubor e seu furtivo viver se espelha no modo sensível de ver o mundo, de se deixar afetar pelo bem e o pelo ruim. Ela vê porque deseja sonhos abandonados, acredita em algo pouco explorado ultimamente. Mas seu amor é pujante.

    Clarissa aqui é uma moça inteira, verdadeira, apreciação fidedigna da Clarissa que mora no mundo de Mia. Que li por sinal...

    Seu blog e suas letras são encantadoras.
    Gostei daqui.

    Beijo carinhoso!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Teu comentário me deixou sem palavras, mesmo. Há dois dias que tento respondê-lo como merece, mas não dá.
      Obrigada!
      Beijos! :)

      Excluir
  2. *______________________*
    Encantada. ♥

    ResponderExcluir

Já que gostou, comenta! É isso que me faz feliz. ;)