5 de out. de 2012

Subconsciente

      A ânsia do vômito, do choro. Somente a vontade insistente, martelando. Ali dentro, sem saber exatamente onde, mas dói, perfura, comprime. A dor está presente em todos os lugares e em lugar nenhum, tudo isso ao mesmo tempo, fazendo o corpo entrar em pânico.
      Somente vontades, simples e complexas, mas nada consegue ir para fora. Uma alma atormentada não consegue comandar um corpo. O vômito, as lágrimas e os gritos. Todos estão amontoados em um núcleo qualquer.
      O corpo afunda e reconhece a água gelada, o aconchego de tocar a água e o nada ao mesmo tempo. O fôlego diminui e o desejo grita, implora e diz que quer ficar. O cérebro não raciocina como deveria, o cérebro parou. Zumbidos fazem os ouvidos doerem, os pulmões estão quase estourando. Um quase desmaio acontece e o subconsciente sonha. Sonha com ruas vazias, sujas, pobres e estranhas. A vontade de correr só se manifesta depois que as pernas já estão travadas, tudo isso por culpa da perseguição do invisível. Existe um hospital em alguma rua, existe o desespero. Os olhos já estão fechados, o sangue escorre pelo nariz, o corpo afunda. O desespero é escuro e invisível, escuro e invisível.
      Um tremor faz com que o corpo desperte, mas o cérebro não consegue fazer cálculos e nem consegue pensar. O extinto fala mais alto, grita. Grita em uníssono com a fraqueza. Nadando sem forças, o sangue transformou a água em um monte de lama vermelha e o nojo só aumenta. Só mais uns metros e a superfície estará presente, o oxigênio está logo ali. A lua está refletida na água. A lua e o oxigênio, lua, oxigênio...
      A vida! A vitória, aqui está a superfície. E só voltar para o antigo mundo. Estou olhando e não enxergo nada, o oceano está escuro. O frio, tremor. A consciência está...
      O susto ofegante, era só um pesadelo. Mas foi real, o oceano conseguiu morar por alguns minutos aqui e ele dormiu nessa simples cama de solteiro. A angústia e o medo, tudo foi real.
      O subconsciente grita tudo, grita para aceitarmos a realidade, os desejos reprimidos, castigos, ameaças, amores, paixões... Aceitar o que se é. Pensando bem, o subconsciente é a real consciência.

2 comentários:

  1. O subconsciente pode ser cruel. Em mim, às vezes altera o humor. Parece uma brincadeira. Ora feliz, ora triste. Ora animado, ora com vontade de não sair de casa. Enquanto penso cem coisas conscientemente, outros mil pensamentos inconscientes realmente me moldam, me transbordam, me fazem viver ou morrer mais rápido. É um fluxo inconstante, que não para nem mesmo enquanto durmo, o momento em que vou mais longe. Vivo muito em mim, vivo muitas vidas. Sou velho por dentro e tão jovem quanto posso ser.

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    1. Eu também vivo muitas vidas, até me assusto quando olho para os lados e encontro o meu verdadeiro eu.

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