21 de jul. de 2013

(des)amor

(Cena de Wuthering Heights <3)


P.S.: São cartas e bilhetes que eu acabei encontrando nesse domingo tedioso. Um amor que acabou não dando certo. Os sentimentos morrem e as palavras ficam. Lembrando: cartas de amor são ridículas.

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E esse olhar que não me deixa? É, esses teus olhos caminham comigo, estão sempre na minha cola, me observando. Esses teus olhos me observam tanto que me envergonho. Teu cheiro também anda comigo enquanto eu caminho como um anjo livre pelas ruas. Sinto teu cheiro nos meus lençóis e me pergunto se estou enlouquecendo. Você jamais esteve entre meus lençóis, mas seu cheiro está aqui. E está em todo lugar.

Tua presença está sempre comigo. É como se você estivesse atrás de mim enquanto atravesso a rua, enquanto estou na fila do banco... Pena que as coisas não acontecem como nos meus sonhos. Eu espero que um dia aconteça. Queria que você me dissesse: "Você não me pega! só para me fazer correr feito louca no meio da rua e depois te alcançar, receber teu braço.  É, bem que nós poderíamos ser como crianças outra vez. Às vezes o amor sonha tanto que faz a alma ficar pura outra vez.

Sabe, no meio de toda essa incerteza ainda mora a minha esperança, que divide morada com meu amor. Confesso, eu tenho medo de que tudo isso não passe de um sonho bom, dolorido, mas bom. Dói muito pensar que um dia você irá se transformar em uma lembrança... Mas, fazer o quê? O amor tem dessas coisas.

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Parece que foi hoje cedo que te vi com um livro nas mãos, totalmente concentrado. Coisa bonita de se ver. "O livro é o santo e a senha." E realmente é. Mas isso não aconteceu hoje cedo, aconteceu há dois meses atrás. Mas eu guardo tudo como se tivesse acontecido hoje de manhã, ou há alguns anos atrás.

Guardo as coisas pequenas, os detalhes. As coisas que ninguém lembraria. A primeira vez que te vi, a primeira vez que fomos apresentados. Disso você não lembra, rapaz. Na época eu amava outro, era outra. Tudo era diferente desse presente incerto.

Você foi entrando no meu pensamento, deixando marcas em todos os cantos. Depois apareceu na rua, na frente da minha casa, na cadeira da garagem, na calçada... Não posso olhar para estes lugares sem te enxergar. Se pelo menos eu te enxergasse apenas nos arredores da minha casa, mas eu também fiquei marcada com os teus abraços. Lembro de cada um deles, até contaria se não fossem tantos. Lembro dos sábados, domingos, sextas, segundas e terças. Lembro de todos os dias e de todas as palavras, de todos os gestos. Lembro de absolutamente tudo. Só quero saber se isso tudo continuará fazendo parte de um passado sem futuro.

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Juro que eu queria te escrever um poema bonito ou um parágrafo bem caprichado. Queria te trazer para perto de mim outra vez, qualquer dia desses. Só para o fim de tarde ficar um pouco mais diferente, para ficar com rosto de brisa quente e hálito fresco. Queria esquecer teu cheiro e apagar todas as fotos. Apagar o brilho dos meus olhos e todos os sonhos que nem existiram. Apagar para parar de doer, sabe? Mas não dá para esquecer. Eu não desapego fácil das pessoas.

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Essa é para você, que tem medo de tudo. Que tem medo dos anjos, do Diabo e de Deus. E o pior: tem medo de si mesmo. Sabe, eu queria que você adquirisse otimismo e confiança, nem que fosse na base da porrada. Mas não dá, que pena.

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Já passaram tantos dias desde o nosso último abraço. Acho que você me apertou demais, sabe? Agora fiquei sentindo falta do (pouco) carinho que você deixou. Vê se sai de dentro das músicas, de dentro do cheiro dos perfumes. Desaparece dos solos das guitarras. Teu perfume ainda está naquele meu blusão lilás que eu vesti um mês atrás.

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Você iria me comprar uma aliança. Agora eu que te pergunto: Para quê? Acho que não tenho vocação para amarras, minha única aliança é com a escrita. E mesmo assim, essa aliança é maior que meu dedo, vez ou outra cai. Você já foi tarde. Quanto tempo perdido. Repito minha pergunta: Para quê?

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