12 de nov. de 2012

Compatibilidades

Calça preta, camisa cinza, um tênis qualquer e uma aparente dor no pescoço. É o cansaço de todos os dias e eu o entendo perfeitamente. Mais uma madrugada saindo do trabalho, seguindo o caminho de casa, vendo as mesmas pessoas de sempre. Me pergunto se ele já quis morar sozinho, se ele já teve essas neuras, se já foi louco (isso ele já foi e ainda é). Ele tem um carro do tempo que a minha avó tinha os seus 40 anos, mas o que importa é se essa relíquia anda, embora seja ridículo. Ele tem o toque de celular que eu mais odeio nesse mundo, o mesmo do meu despertador. Ele tem o olhar profundo que eu sempre admirei e tem os dentes perfeitos que eu sempre desejei pra mim. É o tipo certo de pessoa errada que me causa repugnância de tanto que eu o amo. Acho que ele não seria a água se eu fosse o fogo, talvez ele viesse a ser álcool ou gasolina, o que me faria a queimar cada vez mais. Não é um amor adolescente, embora eu seja. É o amor mais maduro que existe. Nós dois somos do tipo de pessoas que são feitas uma para a outra pela nossa total diferença, que nem óleo na água. Mas temos lá as nossas compatibilidades, em torno de 10%.
P.S.:  Esse texto foi escrito em julho de 2011. É que está maluco demais e eu tô querendo justificar.

2 comentários:

  1. Adorei o texto, muito lindo. Minha parte preferida foi "Acho que ele não seria a água se eu fosse o fogo, talvez ele viesse a ser álcool ou gasolina"
    Mesmo tendo sido escrito a mais de um ano atrás, ele tem a mesma qualidade que seus textos atuais. Parabéns.

    annadecassia.blogspot.com.br

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