17 de ago. de 2013

Maritimidade

À noite, vomito sozinha. Vivo da ditadura que me oprime em silêncio. Tenho o necessário e não sou feliz. Às vezes, me falta algo que eu não sei o nome. Às vezes, minha vontade do mundo some. Quase sempre, penso: o que será de mim, da minha vida? Não percebo que sou tão jovem, que posso entregar alguns dias da minha juventude ao ócio. Percebo, mas temo. Amor romântico virou prioridade secundária, assim será até transformar-se em necessidade primária. Os livros não possuem respostas, eu não possuo perguntas. Estou a três graus da Linha do Equador, zona tórrida, o suor das peles que não se tocam, os corpos que não conhecem outros corpos. Geração perdida do século XIX, geração perdida do século XXI, mundo perdido desde o Big Bang. A explosão, a tragédia. A evolução, os animais, os humanos. Os homens-animais, animais-homens. Só existe massa de ar fria; umidade relativa do ar. Mais alta a altitude, pior ficará a respiração do humano estrangeiro. Se eu quiser morrer, tenho de subir até não aguentar. Estanho. Boro. Alumínio.

À noite, vomito sozinha. Ah, eu ainda morrerei. As correntes me prendem, me impedem. Meu corpo que nunca clamou por liberdade, agora me implora para ser livre. A Corte chega no Brasil, encena direitinho o seu teatro. O povo aplaude a peça. Eu quero ser a alma dispersa, um cromossomo que falta sem indicar síndrome. Um corpo sem controle, que o patriarcado não o controle. Para que eu viva, não apenas sobreviva. Para que eu faça caos à minha maneira, por noites inteiras.

4 comentários:

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