18 de abr. de 2013

a liberdade tem olhos azuis

E ela tinha vontade de ser livre, de repente largar tudo, sem nenhum motivo aparente. De ter uma nova realidade. Mas tudo era impossível naquela vida estranha. Vida em que ela só pisava em pedras pontiagudas e só se feria. Decidiu afastar-se e ver do que era capaz. E parece que ela mesma se completava, estranhamente ela se completava.

Era estranha a bipolaridade dela, talvez fosse um erro chamar isso de bipolaridade. Talvez fosse só loucura de moça que nasceu meio alheia  à tudo. Não sei de onde essa menina veio, nem quem era ela em sua encarnação anterior. Mas tudo nela era uma confusão inconfundível. Uma coisa que não se via em outras pessoas. Era choro por tudo, e por nada, e por todos, e por ninguém.

E estava de frente com a causa de sua depressão, daquele estranho ser que tanto a fez sofrer. E ela na sua incerteza de sempre, rogava aos céus uma solução. Pedia que lhe dissessem qual voz seguir. Mas ninguém disse nada. E ela não respondeu se perdoaria ou não o tal rapaz.

O melhor era tornar-se uma moça blindada. Assim não sofreria. Ainda gritei, mas ela não me ouviu. Ela nunca me ouve, é uma moça surda por opção. E louca de pedra, é assim que ela quer que seja.

E era só mais uma tarde de domingo, e ela delirava deitada na cama antiga. Com um punhal nas mãos e um par de tênis no chão. Era apunhalar-se e abandonar tudo. Ou calçar os tênis e viver por aí, tocar no rosto da liberdade com os próprios dedos. Ainda bem que ela escolheu ser livre. E voou.

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