29 de nov. de 2013

Caminhos inexatos

Quinze pr'as seis da manhã.

 Já não me importo. Não tanto como antes. Os dias não são iguais. Tudo é tão mutável para mim e, aos olhos dos outros, tudo é sempre o mesmo. A luz do Sol projetada nas folhas das árvores, nos muros das casas, na fumaça dos carros. A mesma mulher loira cruza comigo no caminho da escola desde quando eu tinha nove anos. Não sei seu nome, ela não sabe o meu. Ela envelheceu um pouco, eu cresci e minha alma já não é mais a mesma. São sempre as mesmas manhãs, o mesmo ar impuro acabando com os meus pulmões e quase as mesmas pessoas passando por mim. O mesmo calor morno, o mesmo suor escorrendo no meu rosto. A mesma pressa inocente, os mesmos passos decididos. Mas tudo tão diferente, tão novo e tão estranho aos meus olhos. Às vezes, o céu escurece e cai uma chuva fininha. As pessoas fogem e eu quero mais estar no meio da rua, sentindo o frio dos pingos de chuva.

Onze e quarenta da manhã.

Sol escaldante. Planos mirabolantes para uma tarde que só me cansará. Carros, carros, carros, um olhar. Olhares fortes e algumas pessoas vazias. Pressa, sempre a pressa do meu coração vadio.


Um comentário:

Já que gostou, comenta! É isso que me faz feliz. ;)