23 de nov. de 2013

Inefável - Prefácio


O prefácio - ainda inacabado - de Inefável. O livro que não pude terminar de escrever no mês de novembro por motivos escolares. Porém, ainda continua vivo, pulsando junto com o meu coração.
Sou uma pessoa de variados nomes, de variados sentimentos e inúmeras insatisfações. Não consigo ter um só nome, já que tantas pessoas moram em mim. Não gosto de nomes, prefiro os pronomes; só não posso dizer que amo incondicionalmente qualquer coisa que conste em uma gramática. Ajo de variadas formas e acredito que não sou uma única alma, um único corpo. Nasci mulher, mas minhas ações não são unicamente de uma mulher, de humana. Posso ser um bicho que se sente ser humano, ainda não sei. Nasci e aqui estou, escrevendo e existindo. Mas não sei se existo como as outras pessoas existem, também não sei como elas existem. Batizaram-me como Lygia, uma menina pequena, nascida quase morta. Da morte recebi um beijo e um aviso, senti seu hálito quente quando sussurrou no meu ouvido. De Deus recebi o direito de viver, mas não sei como existir, não sei como encontrar as luzes que deveriam me guiar. Não consigo explodir quando estou rodeada de silêncio e calor. Busco em amuletos a minha sorte, mesmo que não consiga acreditar neles. Calculei meus passos, mas cansei da exatidão tão sonhada. Mandam e desmandam e esquecem que eu ainda possuo o livre-arbítrio e ele devo seguir; seguir a minha falta de direção. Talvez a vida seja motor. O mundo é uma variedade de caminhos. Eu vivo para quem? 

 Vivo dias aparentemente banais, que são recheados de uma complexidade incompreensível. Ajusto relógios que não funcionam mais, elejo governantes sem que haja eleição. Vivo entre a loucura e a sanidade, não sei o que posso esperar de uma existência tão confusa. Observo detalhes, me apaixono por eles e ninguém acredita nesse sentimento. Sofro nas ruas, o sofrimento de vários agressores anônimos. 

 Abandonei tudo que me disseram ser necessário. Essa é a história de alguém que desistiu de coisas banais para entregar-se ao próprio mundo. Alguém que não teve sorte de encontrar um amor tranquilo. Há o medo e o medo de sentir medo. Há o medo e o medo dos julgamentos. Vontade de ser e explodir de tanto existir. Tenho vontade de abreviar a minha vida e desistir, finalmente descobrir se há um céu. 

2 comentários:

  1. Se esse livro, como aposto, tiver o nível de intensidade deste post, com apetite inefável eu o devorarei sistematicamente pelo resto dos meus dias. E que capa linda! Decerto, transpirando sensibilidade como transpiras, é também obra tua, não?
    GK

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    1. Sim, a capa também é obra minha. Espero terminar de escrever este livro, ou mudar drasticamente o que já tenho escrito. O que escrevi até agora parece ser um irmão mais novo de Água Viva, da Clarice Lispector. Porém, perdi o rumo do livro quando obrigações escolares pesaram na minha mente. Talvez eu o termine ainda em 2013, talvez só recomece em 2015.
      Enfim, fico muito feliz com o teu comentário. Acho que estou no caminho certo.
      Abraços!

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