25 de dez. de 2013

Inexorável

Jamais buscarei a perfeição. A beleza está nos tropeços.

Doces luzes longe daqui. Pequenos pedaços de vento caem ao chão, um doce acalento me toca sem existir. Um arrepio me faz fechar os olhos, uma porta bate longe, onde vozes alteradas dizem coisas que não entendo. Também não entendo a dor de virar as páginas, de olhar as paredes brancas, de sentir a água fria escorrendo no meu corpo nu. O vento quente de verão me queima a pele, uma árvore ganha vida ao tocar de leve a minha janela, eu perco a vida no doce momento do piscar dos olhos. Minha vida num reflexo de espelho, num passo que dei sozinha, nas decisões que tomei ao ser quem sou. O rasgar do peito, o destruir a pele, a dor que me tira pedaços: mas só da alma. O corpo intacto anda nas ruas, com a aparência leve e um olhar distante. São os passos firmes de quem não os controla, o correr entediante das horas. Dia e noite. Outra vez. Outra vez. A inexistência do eu ao beijar os lábios de quem nunca amei. A dor de apaixonar-me sozinha, dos amores guardar a dor ardente de um tapa que não recebi. Estrelas trocam de lugar e a minha dor continua no mesmo lugar, crescendo como um tumor maligno.

Mais uma vez o vento me abraça, apenas ele. Só eu nesse vazio, aqui me esqueço. Dói até eu esquecer da imensidão da dor. Da imensidão que eu sou em um corpo tão pequeno.

Um comentário:

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