15 de dez. de 2013

Colapso

O desejo existe. E saber disso só me faz desejá-la cada vez mais. O desejo de não encontrá-la somente nas palavras, mas em uma rua qualquer; em um dia quente, perto de uma árvore. Vontade de acabar com a saudade e sentir a presença. Vontades, vontades... O que posso dizer da ligação não feita? Os dias transformaram-se em algo diferente da rotina e do passar das horas. Palavras no ar, flutuando. Sentimentos. Madrugadas. Decisões.

Amor artístico? Amor para inspirar? Amor para amar? Para saciar, variar, compensar? Amor para quê? Amar para quê?

Encontrar uma sensibilidade próxima, um sonho coincidente, uma esperança vagabunda. Um sentimento inferior de tão superior que é. Encontrar no amor, na carne, na falta de pudor? O que podemos descobrir nesse mundo repetitivo? O que posso encontrar de exclusivo em mim? O que há de novo em nossas almas?

Como podemos amar nessa cidade caótica, com esses corações de fibra ótica? Como seremos gente, como viveremos entre os que só sobrevivem? O que nós pensamos ter de diferente, para sermos assim, tão diferentes? O que eu fiz para estar nas garras do teu (des)amor?

Ainda somos humanas?

Diferença. Essa vida cheia de perguntas nesse apartamento sem mobília. O que faremos no meu ateliê-biblioteca?

Pintar esse raio de sol batendo nesse prédio cinza. Pintar esse teu corpo deitado no tapete barato. Somos corpos, apenas corpos. Somos almas, apenas almas. Estamos juntas pelo pouco tempo que o sono nos permite estar. Quatro olhos castanhos, dois corpos brancos pela falta de sol, dois sorrisos tímidos. Dois delírios perfeitamente possíveis de duas mulheres perfeitamente reais.

Insaciedade, o que nos move.

Um comentário:

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