19 de mai. de 2012

Ir à Paris



      Ela mesma denominava seu sonho como bobo e infantil, e as pessoas que sabiam de seu sonho a chamavam de idiota. Ela só tinha dezessete anos, mas pareciam séculos. Ela sonhava com os seus dezoito anos, a sua independência tão sonhada, e claro, a sua viagem à París.
      Ela economizava todo mês, para sobrar algo para a sua tão sonhada viagem.
      Ela era incompreendida, parecia não se encaixar mais na realidade. Os conselhos na tinham mais valor, os poemas não faziam mais sentido.
      Ás vezes ela tinha vontade de tomar um porre, de tomar cerveja e vinho até não aguentar mais. Mas, 5 minutos depois ela mudava de idéia e guardava as suas mágoas para si.
      Ela tinha um amor, mas era um amor platônico e impossível, amor que ela deixaria no Brasil quando fosse para a França.
      Agora ela já tem 22 anos, é jornalista e tem seu apartamento. O dinheiro que ela juntava para ir à França ficou guardado, até que quando chegaram as suas férias do trabalho, ela foi ao aeroporto, rumo ao voo de sua vida.
     Chegando lá, com os cabelos ruivos soltos ao vento, olhando para a Torre Eiffel, com um sorriso e uma lágrima no rosto, um aperto no peito, dividida entre a felicidade e um pouco de tristeza, entre o seu passado sofrido e seu presente maluco, mas feliz.
     Ela sentou-se, e sentiu que o seu dever estava cumprido. Se sentiu com 17 anos de novo, mas depois viu que a sua vida tinha melhorado bastante, não era uma vida perfeita, mas era o perfeito para ela.
      Mais madura, com a cabeça no lugar, olhando para aquela torre, ela sentiu toda a sua dor sair com aquele vento frio, e viu que tudo, tudo mesmo, passa, quando menos se espera a dor já passou. E a vida, ela se torna a mais perfeita possível.
Gleanne Silva

2 comentários:

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