24 de set. de 2013

Infinitos

para M. M.

Era como observar o sol através de uma pequena fresta. Conseguia vê-lo, senti-lo. Mas era algo distante, dolorido. Uma antiga ferida recentemente aberta. Os olhos fitando, vivendo. As mãos suando, tremendo. A impossibilidade. Impossível viver sem virar essa página, atravessar tal ponte, escalar uma montanha. Traumas acumulados, vidas. Drásticas mudanças.

Os olhos, as mãos, os sorrisos, os ares. O que te cerca é o mesmo que nos cerca? Flores, folhas secas. Páginas viradas, páginas marcadas. Suspiros doloridos, o leve fechar dos olhos, o milimétrico fechar das mãos. A vida brotando perto, o amor brotando longe. Tudo nascendo, até o inanimado. O sorriso brotando tímido, o coração acelerado, batendo feito animal medroso.

O caminho tornando-se curva. O caminho curvando-se para o mundo. Alguém dobrando a esquina fez dela caminho. Do ato de caminhar, fez fuga. Da fuga: alegria, vida. Da caminhada, corrida. Corrida rápida, leve, libertadora. Corrida-quase-voo. Sussurro quase beijo. As palavras presas no peito acelerado. Palavras presas no coração de quem demasiadamente ama, demasiadamente chama, clama.

A rosa nas mãos, ou uma flor. Exatamente como os que amavam há trinta anos atrás. O medo, as mãos, o suor, gelo, olhos brilhando. O caminho caminhado, os traumas superados, os sentimentos confessados. Páginas rasgadas, viradas, esquecidas, escritas. A vida sorrindo longe para o amor chegando perto.

3 comentários:

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