27 de set. de 2013

Sete da manhã

"Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem."

Cores, pessoas e uma escada solitária. O livro que não voltou para as minhas mãos. Meus passos apressados no início da manhã, milhares de palavras ecoando, passos automáticos, palavras e palavras. Pés que pisam a areia, as pedras úmidas, o asfalto morno; pés que vivem todas as manhãs. A beleza escancarada e tímida, a beleza... O ar puro de minutos atrás transformado em algo cinza, visto a olho nu. A alma jovem, despreparada, madura e atormentada. O medo das pessoas, o carinho com as mesmas pessoas. Olhares mortos de início de manhã. Algo nascendo no âmago, no ventre, no coração. O mundo crescendo nas minhas entranhas em cada manhã.

A vida iniciada com gosto de quem morre. Antigos quinze anos, não são nada os meus quinze anos... Quinze anos, é tudo o que possuo. E as paredes me cercando outra vez. Quinze segundos de liberdade em cada manhã. Mais sorrisos e rostos preocupados. Cada dia parece ser o pior, o último. Cada dia é o primeiro, o único. As mesmas paredes de sempre, o mesmo chão, pessoas diferentes de mesma expressão. Olhares e pensamentos, são as únicas coisas que os distinguem. O mundo que mora em cada grão de areia. Olhares que prendem outros, faces que nada expressam. Sorrisos ainda são raros, tímidos. 

E dentro de outras quatro paredes, algumas mentes vazias declamam seus pensamentos vazios e desconexos. Vomitam preconceito em nome de Deus, é a mesma Inquisição de séculos passados. São os mesmos pecadores apontando pecados alheios, pecados que não são pecados. Os torturadores do século XXI, usam como armas os fonemas, em nome de Deus.

Um comentário:

Já que gostou, comenta! É isso que me faz feliz. ;)