15 de jan. de 2013

Do dia que estive ao lado do demônio

Ontem o demônio esteve ao meu lado. Matou a saudade que sentia, contornou minha face, meus lábios... Me disse coisas profundas, comentou que não havia esquecido do que aconteceu. O demônio me arrastou para o inferno, depois me mostrou o caminho do céu. Me fez chorar e rir, me fez clamar por piedade e me deixou com pose de orgulhosa. Me abraçou enquanto eu queria fugir. Eu quis ficar quando ele me disse que iria embora.

Ele me falou de suas andanças, das almas que já havia destruído, me explicou como tocava seus instrumentos, mostrou suas cicatrizes. Deixou que eu ouvisse seu coração acelerado, eu deixei que ele tocasse minhas mãos suadas. O pensamento dele era tão forte que eu conseguia senti-lo. Sei que queria - e ainda quer - me matar, sei que ele deseja destruir-me pouco a pouco, que quer derramar meu sangue e dele beber. Sei que ele quer o que eu nunca deixei que possuísse. Sei que ele quer me enforcar quando acaricia meu pescoço.

Quase permiti que ele me sequestrasse, que perfurasse minha pele com suas facas afiadas. Quase acreditei quando ele disse que não iria me machucar. Minha aura transformou-se em algo estranho, em algo de muitas cores. E nenhuma das cores permanecia nela. Minha aura obedecia a velocidade da minha alma.

O demônio disse que precisava sair, me disse para ter cuidado, coisa que eu não estava fazendo. Ele foi embora, e não olhou pra trás. Mas me prometeu que voltaria. Depois disso, sentei-me no chão frio, entre árvores, pedras e insetos. Senti o clima estranhamente frio, tremi. Mas vi que ninguém sentia frio, mais uma vez era o frio que estava em minha alma e manifestava-se no meu corpo. O sol brilhava do lado de fora daqueles muros, senti uma estranha paz, uma sensação de dever cumprido. Realmente havia cumprido algo: fechar o ciclo que - erroneamente - havia sido aberto por mãos inexperientes. Eu acabara de começar a tentar explicá-lo que jamais seria dele, mas que não sairia do lado dele, que permaneceria ali, para que ele nunca cometesse loucuras. 

Pedi a Deus que me deixasse ouvir sua voz, que de alguma forma me mostrasse o que iria acontecer. Ele não me falou, nem mostrou nada. Mais uma vez Deus me mandava decidir, me mostrava que Ele havia escrito toda a minha vida. Mas algumas lacunas estavam vazias, onde eu deveria decidir o que fazer. A decisão deveria ser tomada por mim. Eu sempre soube que o menor deslize custaria minha vida.

Um comentário:

  1. Às vezes Deus manda a resposta só que não sabemos interpretá-las. Não podemos nem mesmo enxergá-la, pois é uma mensagem simbólica que vem através das pequenas coisas do dia a dia. Não pense que Deus te abandonou, que não quis te responder ou coisas do tipo. Ele responde sim às suas perguntas, mas no final das contas quem tem que decidir algo é você mesma.

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