6 de jan. de 2014

Catarse

Estou sozinha, ridiculamente sozinha em um lugar cheio. Ridiculamente sozinha e não querendo estar. A dor passou dos limites. Eu já não sei mais o que fazer. Escuto o que me dizem, mas a mente volta ao ponto de partida. Tento me convencer de que te vi há poucos dias, que a sensação de que o tempo passou rápido demais é mera fantasia. Mas não é. A dor acaba comigo e finjo que está tudo bem. Eu faço de conta que você esteve aqui há poucas horas, consigo sentir o teu perfume, o peso do teu olhar, a leveza do teu toque. Mas fico em uma guerra sem trégua entre a realidade e o que me obrigo a acreditar. Você não esteve aqui ontem, nem anteontem, nem na semana passada... É um nó na garganta porcamente disfarçado, seguro as lágrimas, tento me enganar mais uma vez até pegar no sono. Chorar seria assumir a tua falta, assumir o vazio que há em mim. De hora em hora cresce um ódio ressentido e, mentalmente, eu quebro tudo e me desespero. Ainda derrubo alguns cadernos e desabo no chão desiludida. Nada além da tua presença será capaz de preencher esse vazio que está assumindo proporções inimagináveis. Eu adiei ao máximo a explosão dessas palavras. Mas a minha rotina voltará, percorrerei os antigos caminhos e nada de você aqui no fim de tarde. Nada da tua presença nas próximas horas. Minhas mãos vazias sem a presença das tuas, meus olhos murchos por causa da certeza de que os teus não estão do meu lado. Amanhecerá. A certeza que tenho é de tudo que não sei. Refaço meus passos, relembro dos beijos, das palavras. Sinto a dor das palavras que não revisei. Eu te amo.

Um comentário:

  1. A transição é permanente
    A punção, transitória
    A solidão, inerente
    A comunhão, ilusória
    GK

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