11 de out. de 2013

Bruxuleante

Estava linda sob a luz do poste da rua. Diferente de todas, passou com seu passo leve sem que nenhum homem da rua percebesse a sua presença. Uma energia diferente de todas que já senti. Parecia uma moça dos anos cinquenta, ou trinta. Não precisava de salto para estar elegante, não precisava de nada em um tom chamativo para chamar a minha atenção. Olhava para frente, não me viu. Um jeito inocente e orgulhoso de caminhar. Uma blusa branca e uma saia rodada. Branco e preto. Uma alma que transpirava pureza, cabelos lisos e uma franja no rosto. Apaixonei-me. Caminhava, na calçada, na rua. Seu lado direito iluminado, seu lado esquerdo coberto pela escuridão da noite. Queria ter a coragem de gritar: "Menina, me diz teu nome!" Com o nome dela queria batizar este texto. Com a pureza dela, purificaria o mundo. Com o rosto sério, ensinaria o mundo a valorizar a seriedade na hora certa. Foram poucos os minutos que pude vê-la. Em um segundo iluminada, no outro, ocultada sob a sombra das árvores. Os homens não viram, nem os meninos, nem rapazes. Será que só eu a vi? "Menina, me diz teu nome!" Quero que o mundo saiba da tua existência! Ela mora na mesma rua que eu, poucos metros de distância dos meus olhos. O que fará agora? Ah, como queria saber seu nome. Metade luz, metade trevas. O laranja dos postes, o negro da noite. O negro das tuas sapatilhas, da tua saia, dos teus olhos que não vi bem, dos teus cabelos. Não sorria, mas irradiava beleza. Uma vez só, pronuncie seu nome.

Um comentário:

  1. Como fascina um alguém sem nome num mundo de tantos com nomes ninguéns...!
    GK

    ResponderExcluir

Já que gostou, comenta! É isso que me faz feliz. ;)